sábado, 13 de outubro de 2012

a pombinha da ribeira


Havia uma pombinha branca
que arrulhava todo o dia
distendendo as suas penas
ao calor no cimo dum sobreiro,
de vez em quando, vinha ao regato beber
e arrulhava com alegria...
sem cansar até ao anoitecer.
Quando chegava o brilho da noite
e o vento com seu açoite,
recolhia-se junto ao alpendre
e olhava ao seu redor
com amor,
a paisagem da sua vida,
sim, porque a pombinha
nunca saía daqui
de perto da ribeira,
e logo ali,
tinha os milheirais à sua beira.

Nos céus as nuvens lá nas alturas
em boa verdade vivia feliz,
de vez em quando pousava nos caniços da margem
e nas águas olhava a sua imagem,
logo logo, apareciam os raios pálidos
da lua, a entornar solidão,
pondo todo o mundo às escuras.
Mas a pombinha demonstrava gratidão
tinha alimento com fartura
e portanto ela podia viver
principescamente, feliz e contente,

é claro que a natureza é nossa amiga
e amiga de todos os seres vivos
há até quem diga:
que se vive bem no campo no meio
da urge e do rosmaninho,
apanhando amoras p'lo caminho,
correndo sem freio
p'lo meio da vegetação
banhando-se no regato
quando chega o verão,
ou apanhando pinhas, para
lhe tirar o pinhão,
ou ainda soltar o balão
ou deitar o pião e apanhá-lo na mão,
decerto uma vida alegre e buliçosa
apreciando a exótica presença dos
passarinhos.

Entretanto...

passou inesperadamente um bando de crianças 
vindas da escola,
e a pombinha assustou-se com o ruído,
é que ela é muito boa de ouvido.
As crianças  também vinham felizes,
pois nenhuma foi castigada
levaram a lição estudada!!!

e os meninos bem comportados
são sempre recompensados.


sem tempo, não lhe deram atenção,
ficou triste a pombinha...!
Mas quem sabe não acabe a sua solidão?!
Amanhã, ou depois, outras pombinhas por ali aparecerão,
vai-se acabar a melancolia
pois amanhã é outro dia...

no abrigo do sobreiro,
a pombinha continua ainda hoje a arrulhar
e quem sabe vai mesmo arranjar par
para fazer o ninho,
onde vai pôr os  ovinhos
e esperar que nasçam os filhinhos.
Isto acontecerá lá para a primavera,
mas ela espera e não desespera
porque é uma pombinha feliz!

temos de ser aliados da criação,
protejer todos os seres vivos
e lembrarmo-nos que as avezinhas são felizes
em liberdade...

Viva a liberdade!



natalia nuno
rosafogo

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