quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

visita à avó...



Hoje passei pela casa da avozinha, vim fazer-lhe uma visita rápida, mas prometi voltar de novo com mais vagar e, ir com ela passear pelo jardim, apanhar sol, ouvir-lhe contar algumas estórias e depois à volta lancharmos as duas na pastelaria que fica ali bem pertinho de casa. Tinha saudades da avó e dos seus bichinhos de estimação, levo-os a todos no coração quando daqui me vou. A avó tem uma pequenina ranhura na porta que mandou fazer ao marceneiro para que o Tim e o Júnior, venham ao jardim sem que seja necessário abrir a porta, ah...como eles ficaram felizes! Até eu gosto de estar aqui a apanhar sol com um chapéu na cabeça claro, o jardim está todo florido um pouco selvagem pois a avó já não tem forças para tratar dele como antes, mas as flores não se queixam, e deixam um aroma no ar que o sol todos os dias vem respirar... a avó gosta muito do seu jardim, tem uma cadeira de baloiço e às vezes ali adormece, pudera está tão sozinha!
Não fossem os bichinhos à sua volta e seria maior sua tristeza, mas eu também apareço, nunca a esqueço, faço-lhe um pouco de companhia, leio-lhe poesia e depois apanho um ramo de flores que coloco numa jarra bonita que permanece em cima da cómoda velha, do tempo que a avó casou com o avó Joaquim, e ela ao olhar fica feliz assim, vive de recordações e saudade que tem dos seus tempos de rapariga, diz-me ela que cantava sempre uma cantiga que a mãe lhe ensinara, eu sou muito pequena mas gosto que a avó me conte as coisas dela, sinto um arrepio de ternura... conta-me dos melros bem escurinhos que havia no seu pomar e que ela ouvia cantar, das sopas de leite ao deitar, do colo e das rezas da sua avó ao serão, das refeições em silêncio, da beleza do rio da sua aldeia e eu fecho os olhos e imagino como a avó deve ter sido feliz enquanto criança...
Sei também, que ela me contou que no seu quintal havia muitas galinhas, e que os galos cantavam em uníssono de madrugada, que o seu colchão era de folhas de milho, e que não esquece que adormecia todos os dias ao colo de sua avó que a abraçava num abraço doce.

Hoje tal como vos disse venho um pouco apressada, mas voltarei para vos contar mais estórias sobre a minha avó, agora estou já de abalada, sou assim como uma arvéola que voa num vai vem, para não deixar muito tempo a sós a avó.


natalia nuno
rosafogo